
Outra mudança embutida na criação dos smartphones e da indústria de apps é a transformação do conceito da sociedade industrial de “possuir” ou “ter” para “usar”. O poder sempre esteve em que tinha mais objetos físicos. Mais e mais fábricas, por exemplo, demandavam mais e mais pessoas, e complexas estruturas organizacionais para gerenciá-las. A sociedade indústria criou a organização hierárquica, que hoje nos é natural. O mundo analógico é linear por natureza.
E como são estas empresas lineares? Ela estão com estrutura hierárquica, matricial e gerenciada de forma top-down, direcionada por resultados financeiros de curto prazo, planejamento estratégico baseado na extrapolação linear do passado, avessa à riscos, inflexível nos processos e mudanças organizacionais, grande número de funcionários, controla seus próprios ativos e investe pesadamente em manter o status quo e em combater a disrupção, vista como ameaça letal. São organizações configuradas para resistir às mudanças que vem de fora. Não entendem e nem adotam inovações de ruptura em seus modelos de negócios.
A estrutura matricial impossibilita mudanças rápidas. A evolução exponencial da tecnologia e seus impactos não consegue ser absorvida em uma organização que pensa linearmente. Mas, as mudanças estão aí. Os hábitos da sociedade mudam rápido. As empresas precisam se antecipar e preparar-se para elas. É questão de sobrevivência e não opção. A cada dia me convenço que qualquer companhia desenhada para ter sucesso no século 20 está destinada a fracassar no século 21. Exagero? Não sei, que vocês acham?
Cezar Taurion é consultor sênior, com experiência em debater e avaliar impactos das evoluções tecnológicas nos negócios. Também é palestrante e autor de seis livros, que abordam temas como cloud computing, big data e inovação.